terça-feira, 30 de agosto de 2011

TIMOR LESTE PARTE 5

TIMOR LESTE PARTE 5

TIMOR LESTE PARTE 4

TIMOR LESTE PARTE 3

TIMOR LESTE PARTE 2

TIMOR LESTE 1 - CAMINHOS DA REPORTAGEM

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Novo Telecurso - Ensino Médio - Geografia - Aula 23 (2 de 2)

Novo Telecurso - Ensino Médio - Geografia - Aula 23 (1 de 2)

Novo Telecurso - Ensino Médio - Geografia - Aula 24 (2 de 2)

Novo Telecurso - Ensino Médio - Geografia - Aula 24 (1 de 2)

Novo Telecurso - Ensino Médio - Geografia - Aula 25 (2 de 2)

Novo Telecurso - Ensino Médio - Geografia - Aula 25 (1 de 2)

Novo Telecurso - Ensino Médio - Geografia - Aula 25 (1 de 2)

Novo Telecurso - Ensino Médio - Geografia - Aula 26 (2 de 2)

Novo Telecurso - Ensino Médio - Geografia - Aula 26 (1 de 2)

Novo Telecurso - E. Fundamental - Geografia - Aula 24 (2 de 2)

Novo Telecurso - E. Fundamental - Geografia - Aula 24 (1 de 2)

Mundo - Haiti é um dos países mais pobres do Mundo - RTP Noticias, Vídeo

Mundo - Haiti é um dos países mais pobres do Mundo - RTP Noticias, Vídeo

Israelenses e Palestinos relembram a Segunda Intifada


Entenda a Guerra no Oriente Médio - Faz 60 anos que o mundo acompanha es...


China se torna a 2ª maior economia do mundo


China se torna a segunda maior economia do mundo

segunda-feira, 8 de agosto de 2011






Revista Veja Edição 1 627 - 8/12/1999



Irlanda do Norte









Entre inimigos Governo reunindo católicos e protestantes leva esperança de paz à região conturbada







Será que desta vez vai? O processo de paz na Irlanda do Norte deu um salto histórico na semana passada. O novo governo autônomo da província, que tomou posse na quinta-feira, não apenas mistura os arquiinimigos católicos e protestantes. Também inclui guerrilheiros empedernidos, como o ex-comandante do Exército Republicano Irlandês, o IRA, Martin McGuiness, na qualidade de ministro da Educação, e o reverendo Ian Paisley, líder unionista que até outro dia denunciava o acordo de paz como uma rendição ao terrorismo. Está se repetindo em Belfast o fenômeno dos acordos que transformam terroristas em políticos.

As negociações para a formação do governo – que põe fim a 27 anos sob a administração direta de Londres – estavam no limbo desde o ano passado. Isso porque os protestantes, defensores da permanência da província no Reino Unido (que reúne também a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales), se recusavam a indicar seus representantes se o IRA não se desarmasse. O acordo renasceu com a promessa do grupo de entregar suas armas até fevereiro do ano que vem. Numa região fragmentada em linhas confessionais há séculos e em guerra aberta há três décadas, ainda é difícil de acreditar. A surpresa é que os 800 anos de conflitos tenham terminado não com a expulsão dos ingleses, como queriam os nacionalistas do IRA, mas com um acordo irlandês-britânico. A Inglaterra protestante invadiu a ilha na Idade Média. O catolicismo serviu como catalisador da identidade nacional irlandesa e da resistência contra a ocupação. A ilha foi partilhada em duas em 1921, com a maior porção transformando-se em República da Irlanda, independente e catolicíssima. Alguns condados do norte, de maioria protestante, se mantiveram como parte integrante da Grã-Bretanha – é o chamado Ulster ou Irlanda do Norte. Nos últimos trinta anos, confinadas em bairros separados por muros e cercas de arame farpado, as duas comunidades trocaram tiros e bombas, com mais de 3.500 mortos.

Num tratado assinado em abril de 1998 (apelidado de Acordo da Sexta-Feira Santa), Londres aceitou um governo autônomo na província. A República da Irlanda, em contrapartida, retirou de sua Constituição o dever de anexar o norte protestante. Ficou acertado também o governo partilhado. Pelo acordo, qualquer nova decisão sobre a soberania na Irlanda do Norte precisaria ser submetida a plebiscito. O católico John Hume e o protestante David Trimble, dois líderes moderados signatários do acordo, até dividiram o Prêmio Nobel da Paz. Em agosto, uma bomba reivindicada por uma facção radical do IRA deixou 28 mortos numa cidadezinha norte-irlandesa. E quase que tudo desanda. É aí que mora o perigo. Para que a paz seja duradoura, não basta que o acordo seja seguido à risca pelos políticos. Em um ambiente de ódios profundos, uns poucos atos de sabotagem são suficientes para pôr tudo a perder. Para complicar, o pacto na Irlanda do Norte não resolve o cerne do conflito – a maioria dos católicos (que representam 38% da população) continua desejando uma Irlanda unida, e a maior parte dos protestantes ainda prefere continuar cidadãos da Grã-Bretanha.







sexta-feira, 25 de março de 2011

A multiconcepção de natureza

         Como vimos, a natureza, na sociedade capitalista, adquire valores totalmente diferentes daqueles estabelecidos na Idade Média, e o mais incrível é que o capitalismo, à medida que busca novas formas de reprodução do capital, por meio de novos modelos, acaba por imprimir novas idéias na concepção de natureza. Basta lembrar que no século XIX, ele se apropriou da Teoria da Evolução de Darwin, para legitimar sua ideologia liberal, em que a exclusão social passou a ser explicada como uma ordem natural das coisas. Desde a década de 1970 do século XX, estamos assistindo a mudanças na forma de conceber a natureza, em que inúmeras organizações não governamentais passaram a defender a bandeira da preservação ambiental.
         Alguns pensadores chamam a atenção para a necessidade de uma maior consciência ecológica, no sentido de levar a sociedade a se conscientizar de que esta não existe separada da natureza. A visão do capital sobre a natureza também tem sofrido modificações, pelo menos no que se refere ao ritmo de exploração. O capitalismo já não mais defende que a natureza precisa ser sugada, explorada inescrupulosamente, por representar uma fonte inesgotável de recursos.
        Não, o capital tem mudado o seu discurso e já inclui no seu dicionário a defesa do desenvolvimento sustentável. Nesse caso, cabem algumas considerações: o que estaria por trás dessa "nova" concepção de natureza? Será que o capital está se aproximando do conceito de natureza das comunidades primitivas? Será que agora ele defende os mesmos interesses defendidos pelos movimentos sociais e os ambientalistas? Essa preocupação do capital com a natureza acontece apenas como um discurso, pois se analisarmos o que se passa atualmente, constataremos que os recursos que garantem a reprodução do capital não são inesgotáveis, como se pensava e defendia-se até décadas atrás. Agora, a preocupação volta-se para a manutenção desses recursos enquanto geração de riquezas. Dessa forma, o que existe é a busca de uma preservação dos recursos naturais metamorfoseados em preservação ambiental, em que o desejo e o objetivo reduzem-se ao mero campo do aspecto econômico. É importante salientar que a ideologia capitalista tem difundido a idéia de que o grande responsável pela degradação ambiental é o consumismo, eximindo de culpa aqueles que são responsáveis pela produção exacerbada e socializando-a. Dessa forma, tem surgido o conceito de "homem abstrato", pois a linguagem que se usa afirma que é o homem que degrada a natureza. Mas de que homem se está falando? Não, não existe o homem abstrato discursado pelo capital, o que existe, na verdade, são homens concretos, que muito têm lucrado com a exploração desses recursos e com a concentração das riquezas e que agora buscam a socialização dos prejuízos.

           Não se pode deixar de lado a luta pela preservação da natureza, como também não se pode ser adepto e defensor de uma visão romântica, que situa a natureza como algo intocável. É preciso ter plena consciência sobre essa artimanha do capital, para não cairmos no modismo ambiental e nos tornarmos agentes ambientais a serviço do capitalismo. Se percebermos que essa natureza não pode ser vista como máquina, mas como parte do próprio homem, perceberemos que é necessário que a preservação não seja apenas da biodiversidade, mas também da sociodiversidade, afinal sociedade e natureza possuem uma única história. A relação entre a natureza e o homem não se dá de forma abstrata, mas concreta. A partir da transformação do natural, essa sociedade passou a produzir sua própria existência, intermediada pelo processo do trabalho.


COSTA, Jodival Maurício da. A multiconcepção da natureza. Publicado em 24/02/2005.
Disponível em: . Acesso em: 07 mai. 2010.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

MODOS DE PRODUÇÃO E ESPAÇO GEOGRÁFICO

A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO: OS TERRITÓRIOS E OS LUGARES

 
O espaço geográfico é para a Geografia um elemento fundamental de estudo. Esse espaço resulta da relação entre a sociedade e a natureza. Assim, é a sociedade que o constrói por meio de ações humanas, que passam por mudanças através da história. O espaço é, portanto, expressão das relações sociais.
O espaço geográfico somente surge, no dizer do ilustre geógrafo Milton Santos, após o território ser usado, modificado ou transformado pelas sociedades humanas. Ou quando estas imprimem na paisagem as marcas de sua atuação e organização social.
O espaço geográfico não possui apenas uma dinâmica natural. A esta deve ser acrescentada uma dinâmica social, exercida pelas formações sociais que nela vivem e atuam. Ao se apropriar da natureza e ao transformá-la, a sociedade cria ou produz o espaço geográfico, utilizando as técnicas de que dispõe, segundo o momento histórico e segundo as suas representações, ou seja, crenças, valores, normas e interesses políticos e econômicos.
Desse modo, não se pode ignorar que os espaços geográficos possuem uma historicidade, ou seja, são realidades temporais, pois a cada geração humana corresponde a uma geração espacial, mediadas no seu processo de apropriação de riquezas e de organização pelas normas ou pelas leis vigentes.
Considerando-se ainda que o ser humano não age de forma isolada e sim coletiva, no processo de produção do espaço geográfico, conclui-se que ele é socialmente elaborado ou produzido, o que corrobora seu caráter de produto social ou ainda de produto histórico-social.
Desse modo, o espaço geográfico é de forma inequívoca a expressão do visível de como a sociedade está organizada segundo as normas estabelecidas. Nele estão expressas as desigualdades sociais, a distribuição do poder, o jogo de interesses e de pressões existentes entre grupos e classes sociais sobre o Estado, conduzindo este, historicamente, no veículo permissivo da construção de espaços em benefício de alguns e não de todos.
Na medida que reconhecemos que o espaço geográfico é um produto histórico-social e a expressão da destruição do poder existente numa dada sociedade, podemos, sem receio, afirmar que ele possui um conteúdo ideológico e político, ou como afirmou o filósofo Henri Lèfèbre:
“O espaço foi formado, modelado a partir de elementos históricos ou naturais(...). A produção do espaço não pode ser comparado à produção de tal ou qual objeto particular, de tal ou qual mercadoria. E no entanto existem relações entre a produção de coisas e a produção do espaço. E isso devido a grupos particulares que se apropriam do espaço para administrá-lo e explorá-lo.” (citado por Robert Auzelle, in Chaves do Urbanismo, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1972, p. 115 e116)
 
Lembrando Hegel :
“Antes que o novo tenha condições de surgir, é necessário que o antigo atinja a sua plenitude, ou seja, a sua forma mais plena. O momento em que um sistema atinge o seu auge é o momento que precede o seu esgotamento e superação.”
 

PAISAGEM E ESPAÇO GEOGRÁFICO
Porto de Belem - Pará
 
A Paisagem geográfica é, portanto, a parte visível do espaço, que pode ser descrita através dos elementos ou objetos que a compõem.
O conjunto dos elementos que o olhar alcançar constitui a paisagem geográfica: Porções de uma área agrícola, de uma cidade, de um porto, de uma rodovia, etc.
As paisagens são formadas por elementos naturais e elementos humanos ou sociais, ou seja, construídos pelos homens operando em sociedade. Como tudo aquilo que os homens elaboram constitui a sua cultura, também podemos chamar de elementos humanos ou de elementos culturais.
Hoje, dada a complexidade da vida social e a evolução tecnológica atingida pelo homem, a paisagem natural formada exclusivamente por elementos naturais, praticamente não existe. Pois já é objeto de preocupações políticas e econômicas, ou seja, está no centro de lutas pelo poder - apropriação.
Desse modo, a paisagem quase sempre é heterogênea, isto é, formada por elementos naturais e culturais. Quanto mais transformada está a natureza, mais se destacam os elementos culturias da paisagem. Todavia, há regiões em que os elementos naturais ainda têm muito destaque. Além de heterogênea, a paisagem varia de um lugar para outro, em cada um deles, há uma determinada combinação de elementos. Porém, toda paisagem revela o conjunto de técnicas com que os homens produziram o seu espaço.
 DIFERENÇA ENTRE PAISAGEM NATURAL E PAISAGEM ARTIFICIAL
PAISAGEM NATURAL
Grosseiramente podemos dizer que é aquela ainda não mudada pelo esforço humano. Se no passado havia a paisagem natural, hoje essa modalidade de paisagem praticamente não existe mais. Se um lugar não é fisicamente tocado pela força do homem, ele, todavia, é objeto de preocupações e de intenções econômicas e políticas. Tudo hoje se situa no campo de interesse da história, sendo desse modo, social.

PAISAGEM CULTURAL, HUMANA OU ARTIFICIAL
É aquela transformada pelo homem. A paisagem é um conjunto heterogêneo de formas naturais e artificiais; é formada por rações de ambas.
Quanto mais complexa a vida social, tanto mais nos distanciamos de um mundo natural e nos endereçamos a um mundo artificial. A cidade é o melhor exemplo dessas adições.

O ESPAÇO GEOGRÁFICO COMO PRODUTO HISTÓRICO E SOCIAL
 
À medida que se apropria da natureza (espaço natural) e a transforma, o homem (a sociedade) cria ou produz o espaço geográfico, e o faz através do trabalho. Utiliza, para tanto, as técnicas de que dispõe segundo o momento histórico e segundo suas representações, ou seja, crenças, valores, normas e interesses econômicos, fatores que orientam suas intervenções e relações como os elementos naturais ou físicos do espaço.
Assim, no processo de produção do espaço geográfico, o homem se apropria do espaço natural, que pode ser chamado de primeira natureza, e o transforma em uma Segunda natureza, segundo suas necessidades e interesses. A Segunda natureza, portanto, nada mais é do que a natureza humanizada.
Os espaços geográficos foram e são construídos ao longo da história das sociedades humanas, de modo que possuem uma historicidade. São, portanto, realidades temporais.
Para melhor entendimento de um espaço geográfico, é necessário estudar as transformações históricas pelas quais ele passou e passa a sociedade ou a formação social que o habita.
A cada geração humana corresponde uma geração espacial que, em muitos casos, sobrepõe suas produções e características (estilos arquitetônicos, organização e estrutura agrária e urbana, apropriações da riqueza, vias de transporte, exploração mineral, indústrias etc.) a um tipo de produção social: o espaço geográfico.
Podemos dizer, então, que o espaço geográfico é um produto histórico e social.
O homem não age de forma isolada, e sim, coletiva no processo de produção do espaço geográfico. Isso nos permite afirmar que este é socialmente elaborado ou produzido, o que corrobora seu caráter de produto social. Considerando, também que sua construção e reconstrução se fez e se faz através da história, é preciso compreendê-lo através das relações sociais de produção vigentes em cada período histórico.
O que devemos entender por relações sociais de produção e qual é a importância desse instrumento de análise para a compreensão dos espaços geográficos produzidos pelas sociedades humanas?
O conceito de relações sociais de produção refere-se ao conjunto das relações econômicas que se estabelecem entre homens no processo de produção (trabalho) e reprodução material de sua vida social.
No modo de produção capitalista (veja o quadro 1-A), por exemplo, a relação de produção fundamental ou básica é o trabalho assalariado, donde deriva a expressão relações assalariadas de produção. Nele polarizam-se os proprietários dos meios de produção (veja o quadro 1-B) e as pessoas que, não possuindo os meios de produção, vendem sua força de trabalho (energia física e mental) para os primeiros, recebendo em troca o pagamento de um salário. As relações econômicas ou de produção que se estabelecem entre ambos realizam-se com base no trabalho assalariado.
Quadro 1 - MODO DE PRODUÇÃO
Este conceito abrange o conjunto das forças produtivas (homem + instrumentos de trabalho) e das relações existentes numa dada sociedade num certo período histórico. Pelo modo de produção de uma sociedade é possível conhecer sua totalidade social, ou seja, sua organização e estrutura.
Ao longo da história das sociedades humanas, podem ser verificados vários modos de produção: o comunista primitivo, o asiático, o escravista, o feudal, o capitalista e o socialista.
No modo de produção feudal, por exemplo, as relações de produção baseavam-se na servidão e as forças produtivas eram pouco desenvolvidas (o conhecimento técnico e os instrumentos de trabalho eram ainda rudimentares).
Não se deve confundir este conceito com o de modo de produção de bens materiais, que se refere apenas ao modo de fazer ou produzir bens econômicos, objetos ou serviço.
No decorrer da história da humanidade diversos modos de produção e conseqüentemente diferentes formas de relações de produção repercutiram na produção do espaço geográfico.
Não é difícil entender por que o modo de produção e as relações de produção exercem um peso significativo no processo de criação do espaço geográfico.
Quadro 2 - MEIOS DE PRODUÇÃO
Podemos definir meios de produção como o conjunto formado pelos meios de trabalho e pelos objetos de trabalho.
Os meios de trabalho incluem os instrumentos de produção (máquinas, ferramentas), as instalações (edifícios, armazéns, silos etc.), as fontes de energia utilizadas na produção (elétrica, hidráulica, nuclear, eólica etc.) e os meios de transportes.
Os objetos de trabalho são os elementos sobre os quais ocorre o trabalho humano (matérias-primas minerais, vegetais e animais, o solo etc.).
A sociedade, ao construir o espaço geográfico, imprime nele as ‘’marcas’’ de suas formas de organização e estruturação, e da distribuição do poder político e econômico entre os seus membros e grupos. Por exemplo, se ela está dividida em classes sociais, essas ‘’marcas’’ inevitavelmente são as da sociedade de classes ou das classes e estamentos sociais que a compõem.
Para comprovar essa afirmação, basta observarmos as cidades. Por vivermos nelas, é mais fácil verificarmos como estão organizadas socialmente ou como se distribui a renda ou a riqueza entre os seus habitantes, pois em seu interior as desigualdades, os contrastes e as diferenças entre as classes sociais ficam mais visíveis. Concentradoras de protagonistas sociais heterogêneos, as cidades são palco propício a um exame de como uma sociedade organiza o espaço e, através da análise do fenômeno espacial, permitem-nos conhecer melhor a sociedade da qual fazemos parte.
Ao se observarem as características mais imediatamente perceptíveis dos espaços urbanos, percebe-se com facilidade, por exemplo, a existência de uma cidade formal e de uma cidade informal. Esse fenômeno ocorre em todo o mundo, mas é mais gritante em cidades de países subdesenvolvidos, como o Brasil, onde as disparidades sociais são mais profundas

Entrada do Alphaville - SP
A cidade formal é dotada de uma infra-estrutura eficiente, ou seja, possui redes de água e de esgoto, coleta de lixo, energia elétrica, rede telefônica, ruas pavimentadas, transportes coletivos, escola, postos de saúde, casas, prédios de apartamento de diversos níveis arquitetônicos de conforto, tamanho e satisfação, lojas, boutiques, supermercados, shopping centers etc. É, no geral, composta de bairros nobres, bairros centrais e de classe média.

Favela da Rocinha - RJ
Contrapondo-se a ela, ergue-se a cidade informal, composta daqueles bairros, vilas cortiços e favelas, que carecem de todos ou de alguns serviços de infra-estrutura. Embora em geral localize-se na periferia, pode-se situar-se ao lado de bairros elegantes, sob a forma de favelas. É nela que mora a população de baixa renda, em casas pequenas e inacabadas ou mesmo em barracos construídos com restos de madeiras, caixotes de frutas, telhados de zinco ou de latas utilizadas em placas de propaganda, e de outros materiais improvisados.
Comparando-se, portanto, as diferentes características ou fisionomias desses bairros, é possível afirmar, em muitos casos, que a cidade é palco do fenômeno que conhecemos como segregação sócio-espacial. Trata-se de um processo social no qual o acesso aos espaços de maior ou menos valorização da cidade é determinado pelo poder aquisitivo das pessoas.
No contexto da produção capitalista do espaço, as áreas impróprias à ocupação ou distantes daquelas que têm melhor infra-estrutura básica, facilidade de acesso aos centros comerciais mais importantes etc, são reservadas às classes mais pobres. Nesse fenômeno, alisa, cabe salientar o que se chama de ‘’especulação imobiliária’’, isto é, o controle do acesso à terra por indivíduos e empresas que fazem dela uma fonte de lucros.
O espaço geográfico (e no caso analisado, o urbano) é, portanto, a expressão mais visível de como a sociedade está organizada. Nele são reproduzidas as desigualdades sociais de uma determinada sociedade e, portanto, as desigualdades de renda entre as classes sociais que a compõem.
A sociedade deixa, assim, no processo de produção do espaço geográfico, as ‘’marcas’’ de como está distribuído o poder econômico e político. Sendo ao mesmo tempo – enquanto realidade física imediatamente observável – um registro da época (das relações sociais de produção vigentes) e um documento de cultura, o espaço geográfico é assim capaz de comunicar àqueles que o observam criticamente e com o espírito de análise os valores e finalidades da ação humana adotados por uma sociedade.
Forte do Castelo - Belém-Pará
Na medida em que é produto social e histórico, podemos dizer que o espaço é político. Ou como afirmou o filósofo francês Henri Lefébrve:
‘’O espaço foi formado, modelado, a partir de elementos históricos ou naturais, mas politicamente [...] A produção do espaço não se compara à produção de tal ou qual objeto particular, de tal ou qual mercadoria. E, no entanto existem relações entre a produção das coisas e a produção do espaço. E isso devido à existência de grupos particulares que se apropriam do espaço para administra-lo e explora-lo’’ (Henri Lefébvre, citado por Robert Auzelle in Chaves do Urbanismo, p. 115-116)

O TRABALHO E A TRANSFORMAÇÃO DA NATUREZA E DO ESPAÇO GEOGRÁFICO
Para sobreviver e se adaptar às condições dos diferentes ambientes da superfície da Terra, os seres humanos passaram a coletar e a produzir alimentos, construir habitações, fabricar roupas, utensílios domésticos e instrumentos às suas atividades, criando,dessa forma, os seus próprios meios de sobrevivência. Para tanto, precisaram extrair recursos ou matérias-primas da natureza e transformá-los por meio de seu trabalho. Por exemplo, quando começou a praticar a agricultura, há cerca de 11 mil anos atrás, ele cultivava o solo com arados manuais. Com o passar do tempo, desenvolveu o arado de tração animal e, atualmente, utiliza arados mecânicos puxados por tratores.
Essa evolução ocorreu à medida que ele foi aprendendo, acumulando e adquirindo novos conhecimentos e habilidades. Esse conjunto de conhecimentos e habilidades que a sociedade humana constantemente desenvolve e aperfeiçoa para tornar o seu trabalho mais ágil e suas atividades mais produtivas é chamado de técnica.
Com o aprimoramento das técnicas de trabalho, o ser humano também passou a explorar de maneira mais intensa os recursos da natureza. A utilização de instrumentos e técnicas de trabalho cada vez mais avançados tornou possível, por exemplo, cultivar extensas áreas de solo para produzir alimentos, explorar recursos florestais, extrair recursos minerais existentes no subsolo, utilizar água dos rios par gerar energia elétrica etc.
Ao se apropriar dos recursos da natureza, o ser humano foi transformando cada vez mais intensamente as paisagens terrestres e alterando as características do espaço em que vive. Esse espaço, ocupado e ao mesmo tempo transformado pelo trabalho humano recebe o nome de espaço geográfico.
TÉCNICAS E CULTURAS
A sociedade em que vivemos caracteriza-se pela capacidade de dominar, de modo cada vez mais rápido, um grande número de técnicas bastante sofisticadas. Essas técnicas foram desenvolvidas principalmente a partir dos avanços científicos que ocorreram nos últimos anos.
O domínio dessas técnicas pode ser observado em muitas situações do nosso dia-a-dia. Por exemplo, quando utilizamos o caixa eletrônico de um banco para pagar contas ou retirar dinheiro, quando fazemos uma ligação em um aparelho de telefone celular, quando enviamos ou recebemos mensagens pela Internet ou, ainda, quando realizamos exames médicos em modernos aparelhos de diagnóstico, como os de ressonância magnética.

No entanto, existem muitas outras sociedades que utilizam técnicas menos complexas para atender às suas necessidades e realizar as atividades cotidianas. Em geral, essas sociedades sobrevivem da pesca, da caça, da coleta de frutos e plantas comestíveis ou pastoreio nômade. Embora sejam realizadas com a ajuda de instrumentos rudimentares, essas atividades garantem a sobrevivência desses povos.
Entre essas sociedade estão os coletores e caçadores que vivem no interior das grandes florestas equatoriais, como os indígenas que vivem na floresta Amazônica; os pigmeus e os bosquímanos, na floresta do Congo; os inuítes (esquimós), que vive nas terras geladas da região Ártica; os aborígenes na Austrália; os pastores nômades, como os tuaregues do deserto do Saara e os massais das estepes africanas; os povos pescadores como os samals, nas Ilhas do Pacífico, e os mokens, nas Ilhas do Índico. Outros povos se dedicam quase exclusivamente à agricultura de subsistência, como os quichuas e aimarás, nas altas montanhas do Peru e da Bolívia; os berberes, no norte da África; e os Khmers do Camboja, no sudeste da Ásia.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

DO MEIO NATURAL AO MEIO TÉCNICO-CIENTÍFICO E INFORMACIONAL

                           INTRODUÇÃO
          A história das chamadas relações entre sociedade e natureza é, em todos os lugares habitados, a da substituição de um meio natural, dado a uma determinada sociedade, por um meio cada vez mais artificializado, isto é, sucessivamente instrumentalizado por essa mesma sociedade. Em cada fração da superfície da terra, o caminho que vai de uma situação a outra se dá de maneira particular; e aparte do ‘’natural’’e do ‘’artificial’’ também varia, assim como mudam as modalidades do seu arranjo.
          Podemos admitir que a história do meio geográfico pode s er grosseiramente dividida em três etapas: o meio natural, o meio técnico, o meio técnico-científico-informacional.
Alguns autores preferirão falar de meio pré-técnico em lugar de meio natural. Mas a própria idéia de meio geográfico é inseparável da noção de técnica. Para S. Moscovici (1968), as condições do trabalho estão em relação direta com um modo particular de constituição da natureza (citado por Busino, 1991, p. 73) e a inexistência de artefatos mais complexos ou de máquinas não significa que uma dada sociedade não disponha de técnicas. Estamos, porém, reservando a apelação de meio técnico à fase posterior à invenção e ao uso das máquinas, já que estas, unidas ao solo, dão uma toda nova dimensão à respectiva geog rafia. Quanto ao meio técnico-científico-informacional é o meio geográfico do período atual, onde os objetos mais proeminentes são elaborados a partir dos mandamentos da ciência e se servem de uma técnica informacional da qual lhes vem o alto coeficiente de intencionalidade com que servem às diversas modalidades e às diversas etapas da produção.
O MEIO NATURAL
          Quando tudo era meio natural, o homem escolhia da natureza aquelas suas partes ou aspectos considerados fundamentais ao exercício da vida, valorizando, diferentemente, segundo os lugares e as culturas, essas condições naturais que constituíam a base material da existência do grupo.
          Esse meio natural generalizado era utilizado pelo homem sem grandes transformações. As técnicas e o trabalho se casavam com as dádivas da natureza, com a qual se relacionavam sem outra mediação.O que alguns consideram como período pré-técnico exclui uma definição restritiva. As transformações impostas às coisas naturais já eram técnicas, entre as quais a domesticação de plantas e animais aparece como um momento marcante: o homem mudando a Natureza, impondo-lhe leis. A isso também se chama técnica.Nesse período, os sistemas técnicos não tinham existência autônoma. Sua simbiose com a natureza resultante era total (G. Berger, 1964, p. 231; P. George, 1974, pp. 24 e 26) e podemos dizer, talvez, que o possibilismo da criação mergulhava no determinismo do funcionamento. As motivações de uso eram, sobretudo, locais, ainda que os papéis do intercâmbio nas determinações sociais pudessem ser crescentes. Assim, a sociedade local era, ao mesmo tempo, criadora das técnicas utilizadas, comandante dos tempos sociais e dos limites de sua utilização. A harmonia socioespacial assim estabelecida era, desse modo, respeitosa da natureza herdada, no processo de criação de uma nova natureza. Produzindo-a, a sociedade territorial produzia, também, uma série de comportamentos, cuja razão é a preservação e a continuidade do meio de vida. Exemplo disso são, entre outros, o pousio, a rotação de terras, a agricultura itinerante, que constituem, ao mesmo tempo, regras sociais e regras territoriais, tendentes a conciliar o uso e a ‘’conservação’’ da natureza: para que ela possa ser, outra vez, utilizada. Esses sistemas técnicos sem objetos técnicos não eram, pois, agressivos, pelo fato de serem indissolúveis em relação à Natureza que, em sua operação, ajudavam a reconstituir.

O MEIO TÉCNICO
          O período técnico vê a emergência do espaço mecanizado. Os objetos que formam o meio não são, apenas, objetos culturais; eles são culturais e técnicos, ao mesmo tempo. Quanto ao espaço, o componente material é crescentemente formado do ‘’natural’’ e do ‘’artificial’’. Mas o número e a qualidade de artefatos varia. As áreas, os espaços, as regiões, os países passam a se distinguir em função da extensão e da densidade da substituição, neles, dos objetos naturais e dos objetos culturais, por objetos técnicos.Os objetos técnicos, maquínicos, juntam à razão natural sua própria razão, uma lógica instrumental que desafia as lógicas naturais, criando, nos lugares atingidos, mistos ou híbridos conflitivos. Os objetos técnicos e o espaço maquinizado são locus de ações ‘’superiores’’, graças à sua superposição triunfante às forças naturais. Tais ações são, também, consideradas superiores pela crença de que ao homem atribuem novos poderes - o maior dos quais é a prerrogativa de enfrentar a Natureza, natural ou já socializada, vinda do período anterior, com instrumentos que já não são prolongamento do seu corpo, mas que representam prolongamentos do território, verdadeiras próteses. Utilizando novos materiais e transgredindo a distância, o homem começa a fabricar um tempo novo, no trabalho, no intercâmbio, no lar. Os tempos sociais tendem a se superpor e contrapor aos tempos naturais. O componente internacional da divisão do trabalho tende a aumentar exponencialmente. Assim, as motivações de uso dos sistemas técnicos são crescentemente estranhas às lógicas locais e, mesmo, nacionais; e a impor tância da troca na sobrevivência do grupo também cresce. Como o êxito, nesse processo de comércio, depende, em grande parte, da presença de sistemas técnicos eficazes, estes acabam por ser cada vez mais presentes. A razão do comércio, e não a razão da natureza, é que preside à sua instalação. Em outras palavras, sua presença torna-se crescentemente indiferente às condições preexistentes. A poluição e outras ofensas ambientais ainda não tinham esse nome, mas já são largamente notadas -e causticadas -no século XIX, nas grandes cidades inglesas e continentais. E a própria chegada ao campo das estradas de ferro suscita protesto. A reação antimaquinista, protagonizada pelos diversos ludismos, antecipa a batalha atual dos ambientalistas. Esse era, então, o combate social contra os miasmas urbanos.
          O fenômeno, porém, era limitado. Eram poucos os países e regiões em que o progresso técnico podia instalar-se. E, mesmo nestes poucos, os sistemas técnicos vigentes eram geograficamente circunscritos, de modo que tanto seus efeitos estavam longe de ser generalizados, como a visão desses efeitos era, igualmente, limitada

O MEIO TÉCNICO-CIENTÍFICO E INFORMACIONAL
          Ganha importância crescente o fragmentado, a descontinuidade, a sobreposição de combinações em tempo real que desafiam padrões ao mesmo tempo que acenam com novos controles. O que tem a Geografia a dizer sobre a Internet? As análises atuais mostram como o meio técnico-científico resulta de um processo de mudança acelerado, em que uma nova forma de produção - baseada na informação e no conhecimento - está redefinindo as relações de poder no planeta. Tornou-se um imperativo dispor, cada vez mais rapidamente, de informações (em quantidade e qualidade). Graças à explosão das telecomunicações, uma nova geografia das redes se afirma - a informação se tornou cada vez mais uma mercadoria de compra e venda, e a organização social e territorial da informação está sofrendo transformações profundas nos dias atuais. Uma das realidades mais extraordinárias do mundo atual é a velocidade com que são transmitidas informações entre diferentes lugares, quer estejam próximos quer distantes, fazendo deles lugares mundiais. A comunicação e a circulação de informações - dados, idéias ou decisões - ocorrem instantaneamente, no chamado tempo zero. Isso sem falar que essas informações podem chegar, ao mesmo tempo, em vários lugares. Velocidade, instantaneidade e simultaneidade são características do que chamamos de meio técnico-científico informacional.
          Para Milton Santos, a ciência, a tecnologia e a informação, hoje, são a base técnica da vida social, ou, em outras palavras, o meio técnico-científico informacional é um meio geográfico no qual o território inclui obrigatoriamente ciência, tecnologia e informação.Nas últimas décadas, a revolução tecno-científica em curso se deu destacadamente no campo da microeletrônica e das telecomunicações, e ocorreu juntamente com a reestruturação da produção e do trabalho no sistema capitalista, da economia internacional e dos territórios. A alta tecnologia permitiu a crescente internacionalização da economia e a interpenetração das economias nacionais, ou seja, a interpenetração do capital, do trabalho, dos mercados e dos processos de produção baseados na informação. E, com isso, países e nações deixam de ser unidades econômicas de nossa realidade histórica. A economia capitalista, dominante no mundo, estimula a competição econômica e força as empresas - principalmente as de grande porte - a buscarem a eficácia, gerando com isso uma sucessiva revolução do trabalho, da técnica e dos produtos. Sistemas cada vez mais aperfeiçoados de comunicação e de fluxos de informações, junto com técnicas mais racionais de distribuição, tais como empacotamento, controle de estoques e conteinerização, permitem a aceleração das atividades e da circulação de mercadorias. Bancos eletrônicos e dinheiro "de plástico" são inovações que agilizam os fluxos de dinheiro e permitem a aceleração dos negócios nos mercados financeiros e de serviços, tanto nacionais como internacionais.
          A economia de mercado sempre buscou a redução das distâncias porque isso significaria redução do tempo de produção, de circulação e de consumo de mercadorias e, conseqüentemente, redução dos custos, pois, no sistema capitalista de produção, tempo é dinheiro. Grandes avanços foram feitos nesse sentido, ao longo do século XIX e na primeira metade do século XX. Eram inovações voltadas para a remoção das barreiras espaciais - uma questão "deveras geográfica" na história das sociedades capitalistas.
          Foi isso que aconteceu quando surgiram as estradas de ferro, o cabo submarino, o telégrafo sem fio, o automóvel, o telefone, o rádio, o avião a jato e a televisão que, ao formarem redes técnicas de circulação e comunicação, permitiram (cada um a seu tempo e interligando-se aos demais) realizar integrações territoriais, quebrando as barreiras físicas para o transporte e para a circulação de matérias-primas, de bens produzidos, de pessoas, de idéias, de decisões e de capital. Mas nenhuma dessas inovações comprimiu tanto o espaço, acelerando o processo de integração, como as novas tecnologias da informação.Hoje ocorre um aumento significativo na densidade das redes de circulação e de comunicação. E essas redes podem se superpor umas às outras, permitindo simultaneamente a aceleração nos processos de integração produtiva, integração de mercados, integração financeira, integração de informações. Mas, ao mesmo tempo e perversamente, geram um processo de desintegração, pelo qual países e nações são excluídos das vantagens propiciadas pela alta tecnologia da informática, como ocorre, notadamente, com nações africanas.
          No entanto, a exclusão não se dá apenas em relação às nações mais pobres. Tal exclusão atinge também milhões de trabalhadores nas economias de tecnologia mais avançada. Em países desenvolvidos, máquinas inteligentes estão substituindo trabalhadores de escritórios e operários que, a cada dia, engrossam as filas dos desempregados.
         Podemos então deduzir que a tecnologia é um fator importante, mas ela, por si só, não explica a História dos homens.
 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A PAISAGEM NA GEOGRAFIA II

            É comum encontrar pessoas que pensam que saber Geografia é aprender muitos dados, saber qual é população de todas as cidades do mundo e poder citar e localizar todos os novos Estados africanos. Algumas pessoas acham que a Geografia tem a ver com os mapas e também com a descrição de viagens pelo mundo.
           Cada uma dessas crenças populares tem algo de verdadeiro. A localização, os dados e os mapas são recursos que a Geografia utiliza, recursos esses que geram a habilidade de “olhar geograficamente ”, isto é, a capacidade de observar e interpretar os distintos processos naturais e sociais, tanto diretamente na realidade, como por meio de mapas, fotos aéreas, imagens de satélites e outras representações do mundo real.
          A observação e a interpretação da fisionomia da paisagem - que é a porção do lugar que a vista alcança - faz parte da essência do saber da Geografia.
         Olhar e pensar sobre o que está presente em cada rua de sua cidade, em cada campo plantado, em cada montanha ou floresta pode ajudar a compreender como natureza e a sociedade se combinam para moldar as diferentes formas que existem na superfície da Terra.
          A noção de paisagem, para a Geografia, não deve ser confundida com a do paisagismo, que está ligada a uma concepção de estética na distribuição de objetos em um jardim ou um parque. Para a ciência geográfica, a paisagem deve ser entendida como indicadora de conteúdo vivo e de processos dinâmicos, isto é, em constante transformação.
           A interpretação da paisagem para a Geografia é a busca da explicação científica de como as formas que observamos são o resultado visível da combinação de processos físicos, biológicos e humanos ou antrópicos (do grego antropos = homem). Percebida por intermédio de uma visão científica, a paisagem ganha uma abordagem com características próprias de um método de pesquisa. Assim, o estudo da paisagem se constitui num dos mais antigos métodos de estudo pertencentes à Geografia.
          Em cada lugar da superfície terrestre, as condições de vida são o resultado de uma interação dos distintos elementos naturais, trabalhados pela atividade humana, com maior ou menor intensidade. Mesmo na Antártida, onde as condições inóspitas de clima dificultam o estabelecimento permanente do homem, as marcas de sua atividade estão presentes no buraco da camada de ozônio que altera as condições naturais do continente gelado.
            Porém, independentemente da ação humana, podemos afirmar que as paisagens são também produtos das mais diversas combinações de fenômenos naturais, que apresentam sua própria diversidade, a exemplo do relevo, que aparece em distintas formas e dimensões.   
Essas formas diferentes de relevo contribuem para criar diferentes paisagens de montanhas ou planaltos.
           Por sua vez, as condições climáticas são determinantes para a diversidade das formações vegetais e para o processo de formação dos solos. O clima também está presente nos distintos agentes de erosão, a exemplo das chuvas ou do vento.
Por isso, também é responsável pela modelagem do relevo. Assim, os diferentes processos físicos e biológicos interagem mutuamente na formação do que se chama substrato natural da paisagem.
          Por causa das atividades humanas, a paisagem natural vai sofrendo múltiplas modificações no decorrer do tempo, transformando-se numa paisagem humanizada, pela incorporação de elementos culturais.
          De acordo com a atividade predominante da população de um lugar, vão se estruturando paisagens de diferentes características, segundo os graus de transformação dos elementos naturais, e conforme a intensidade e a orientação da atividade humana. Desse modo, podemos diferenciar paisagens agrícolas, minerais, industriais e urbanas.
           O maior impacto das atividades humanas está presente na paisagem urbana, que é o produto de atividades ligadas à indústria, ao comércio e ao serviço. Isso mostra que a paisagem não é dada para todo o sempre, mas que é objeto de mudança permanente.

Favela dos Alagados - Salvador / Bahia
            É nas cidades que melhor podemos observar a dinâmica da paisagem, dada a velocidade das transformações que ocorrem no espaço urbano.           A cidade é uma espécie museu vivo da história do trabalho e das técnicas desenvolvidas pela sociedade. Casas antigas e modernas, ruas com grandes edifícios comerciais ou pequenas vilas, praças e monumentos mostram que o trabalho humano se incorpora ao espaço em que vivemos, o qual está em constante transformação. Pode-se dizer, então, que as paisagens são como as fotografias que refletem as combinações entre processos naturais e sociais em um espaço geográfico, no decorrer do tempo histórico.
           Existem na paisagem indicações muito claras dos processos sociais que as moldam. Um bairro pobre de uma cidade reflete desigualdade social na apropriação da renda, evidenciada nas ruas sem calçamento, nas praças abandonadas, nas valas abertas por onde correm os esgotos.
          Se soubermos observar e interpretar a paisagem, isso permitirá que tenhamos uma concepção de como o lugar que ocupamos no espaço geográfico é o resultado das condições sociais em que vivemos.
Paisagem e espaço não são sinônimos. A paisagem é o conjunto de formas que, num dado momento, exprimem as heranças que representam sucessivas relações localizadas entre a sociedade e a natureza. O espaço são essas formas mais a vida que as anima.
          O espaço é a sociedade, e a paisagem também o é. No entanto, entre o espaço e paisagem o acordo não é total, e a busca desse acordo é permanente; essa busca nunca chega a um fim.
          A paisagem existe, através de suas formas, criadas em momentos históricos diferentes, porém coexistindo no momento atual. No espaço as formas de que se compõe a paisagem preenchem, no momento atual, uma função atual, como resposta às necessidades atuais da sociedade. Tais formas nasceram sob diferentes necessidades, emanaram de sociedades sucessivas, mas só as formas mais recentes correspondem a determinações da sociedade atual.
         O espaço não pode ser estudado como se os objetos materiais que formam a paisagem tivessem uma vida própria, podendo assim explicar-se por si mesmos. Sem dúvida, as formas são importantes. Essa materialidade sobrevive aos modos de produção. Mas, como lembra Baudrillard (1973, p. 16), “a única coisa que nos dá conta do real não são as estruturas coerentes da técnica, mas as modalidades de incidência das práticas sobre as técnicas ou, mais exatamente, as modalidades de obstrução das técnicas pelas práticas”.
          Só por sua presença, os objetos técnicos não têm outro significado senão o paisagístico. Mas eles aí também estão em disponibilidade, à espera de um conteúdo social. Marx já dizia que “a economia política não é a tecnologia” (Grundrisse, Caderno M.). Se o homem, por seu trabalho –– enquanto produtor, residente ou ocupante ocasional ­­–– não transmite vida à coisa, essa vida da qual somente ele é detentor, o objeto permanecerá sempre como tecnologia, e não como economia, assim como as forças materiais naturais não se tornam produtivas senão pelo trabalho humano, no dizer de Jakubowsky (1971, p. 60), o mesmo se passa com as forças materiais sociais , criadas um dia pelo homem mediante o processo da produção, presente ou passada .
          É a sociedade, isto é, o homem, que anima as forças espaciais, atribuindo-lhes um conteúdo, uma vida. Só a vida é passível desse processo infinito que vai do passado ao futuro, só ela tem o poder de tudo transformar amplamente, é capaz de um movimento próprio, mas não pode participar de nenhum movimento contraditório, de nenhuma dialética.
          Uma casa vazia ou um terreno baldio, um lago, uma floresta, uma montanha não participam do processo dialético se não porque lhes são atribuídos determinados valores, isto é, quando são transformados em espaço. O simples fato de existirem como formas, isto é, como paisagem, não basta. A forma já utilizada é coisa diferente, pois seu conteúdo é social. Ela se torna espaço, porque forma - conteúdo.
         Quando a sociedade age sobre o espaço, ela não o faz sobre os objetos como realidade física, mas como realidade social, formas-conteúdo, isto é, objetos sociais já valorizados aos quais ela (a sociedade) buscar oferecer ou impor um novo valor. A ação se dá sobre objetos já agidos, isto é, portadores de ações já concluídas, mas ainda presentes. Esses objetos de ação são, desse modo, dotados de uma presença humana e por ela qualificados.
         Em cada momento, em uma análise, a sociedade está agindo sobre ela própria, e jamais sobre a materialidade exclusiva. A dialética, pois, não é entre sociedade e paisagem, mas entre sociedade e espaço. E vice – versa.

Relação Sociedade-Natureza: do Meio Natural ao Meio Técnico-científico e Informacional

A PAISAGEM NA GEOGRAFIA
         É comum encontrar pessoas que pensam que saber Geografia é aprender muitos dados, saber qual é população de todas as cidades do mundo e poder citar e localizar todos os novos Estados africanos. Algumas pessoas acham que a Geografia tem a ver com os mapas e também com a descrição de viagens pelo mundo.
        Cada uma dessas crenças populares tem algo de verdadeiro. A localização, os dados e os mapas são recursos que a Geografia utiliza, recursos esses que geram a habilidade de “olhar geograficamente ”, isto é, a capacidade de observar e interpretar os distintos processos naturais e sociais, tanto diretamente na realidade, como por meio de mapas, fotos aéreas, imagens de satélites e outras representações do mundo real.
        A observação e a interpretação da fisionomia da paisagem - que é a porção do lugar que a vista alcança - faz parte da essência do saber da Geografia.
Olhar e pensar sobre o que está presente em cada rua de sua cidade, em cada campo plantado, em cada montanha ou floresta pode ajudar a compreender como natureza e a sociedade se combinam para moldar as diferentes formas que existem na superfície da Terra.
        A noção de paisagem, para a Geografia, não deve ser confundida com a do paisagismo, que está ligada a uma concepção de estética na distribuição de objetos em um jardim ou um parque. Para a ciência geográfica, a paisagem deve ser entendida como indicadora de conteúdo vivo e de processos dinâmicos, isto é, em constante transformação.
        A interpretação da paisagem para a Geografia é a busca da explicação científica de como as formas que observamos são o resultado visível da combinação de processos físicos, biológicos e humanos ou antrópicos (do grego antropos = homem). Percebida por intermédio de uma visão científica, a paisagem ganha uma abordagem com características próprias de um método de pesquisa. Assim, o estudo da paisagem se constitui num dos mais antigos métodos de estudo pertencentes à Geografia.
         Em cada lugar da superfície terrestre, as condições de vida são o resultado de uma interação dos distintos elementos naturais, trabalhados pela atividade humana, com maior ou menor intensidade. Mesmo na Antártida, onde as condições inóspitas de clima dificultam o estabelecimento permanente do homem, as marcas de sua atividade estão presentes no buraco da camada de ozônio que altera as condições naturais do continente gelado.
        Porém, independentemente da ação humana, podemos afirmar que as paisagens são também produtos das mais diversas combinações de fenômenos naturais, que apresentam sua própria diversidade, a exemplo do relevo, que aparece em distintas formas e dimensões. Essas formas diferentes de relevo contribuem para criar diferentes paisagens de montanhas ou planaltos.
        Por sua vez, as condições climáticas são determinantes para a diversidade das formações vegetais e para o processo de formação dos solos. O clima também está presente nos distintos agentes de erosão, a exemplo das chuvas ou do vento.
        Por isso, também é responsável pela modelagem do relevo. Assim, os diferentes processos físicos e biológicos interagem mutuamente na formação do que se chama substrato natural da paisagem.
        Por causa das atividades humanas, a paisagem natural vai sofrendo múltiplas modificações no decorrer do tempo, transformando-se numa paisagem humanizada, pela incorporação de elementos culturais.
       De acordo com a atividade predominante da população de um lugar, vão se estruturando paisagens de diferentes características, segundo os graus de transformação dos elementos naturais, e conforme a intensidade e a orientação da atividade humana. Desse modo, podemos diferenciar paisagens agrícolas, minerais, industriais e urbanas.
      O maior impacto das atividades humanas está presente na paisagem urbana, que é o produto de atividades ligadas à indústria, ao comércio e ao serviço. Isso mostra que a paisagem não é dada para todo o sempre, mas que é objeto de mudança permanente.

sábado, 14 de novembro de 2009

Chávez lidera nacionalização de empresa americana do setor de petróleo

colaboração da Folha Online
21/05/2009

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, liderou nesta quinta-feira o ato em que o Estado assumiu o controle da instalação americana especializada em compressão de gás Pigap 2, no leste do país, como parte da política de nacionalizar o setor auxiliar à indústria petrolífera.

A empresa desapropriada pertencia ao grupo Williams Companies Inc., que, segundo porta-vozes oficiais, será indenizado e seus trabalhadores não perderão os empregos.

"Trata-se de reverter o nefasto processo de privatização que empreendeu a velha PDVSA [estatal de petróleo venezuelana.]", disse Chávez.

O complexo Pigap 2 fica no Estado de Monagas, 580 km a sudeste de Caracas, e tem capacidade de injeção de 1,5 bilhão de pés cúbicos de gás, que permitem a extração de 167 mil barris diários de petróleo. Não foi informado o valor da indenização paga ao grupo Williams.

"Estamos liberando essa terra e o subsolo. É uma nova etapa de um compromisso cada dia maior com a pátria", afirmou o presidente.

A injeção de gás é uma técnica destinada a fazer com que os poços mantenham a pressão interna e, assim, se possa extrair o máximo de petróleo possível.

No início deste mês, Chávez anunciou que iria expropriar dezenas de empresas do setor petroleiro, depois que a Assembleia do país aprovou uma lei que reserva ao Estado "os bens e serviços ligados às atividades primárias de hidrocarbonetos".

A lei tramitou em menos de uma semana e ampliou o processo de estatização do setor petroleiro iniciado por Chávez, que já implantara o monopólio da PDVSA na exploração e comercialização. A legislação veta às empresas qualquer recurso à arbitragem internacional. Elas só podem recorrer à Justiça venezuelana, fortemente influenciada pelo governo.

Várias das empresas alvo da nacionalização enfrentam problemas de caixa devido aos atrasos de pagamento da PDVSA --algumas não recebem desde setembro. A estatal vem sofrendo com a queda do preço do petróleo, agravada pela transferência de grande parte de seu faturamento para o financiamento dos programas sociais do governo Chávez.

Com Efe e Folha de S.Paulo