quinta-feira, 22 de outubro de 2009

26/09/2009 - 09h48
Micheletti rechaça encontro com Zelaya em Honduras

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da Folha Online

O presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, disse que o presidente deposto Manuel Zelaya poderia ser autorizado a sair da embaixada brasileira, onde se refugiou, sem ser preso, caso ele obtivesse asilo político fora do país.

Em entrevista à agência de notícias Associated Press na sexta-feira (25), Roberto Micheletti disse ainda que a decisão final sobre a questão caberia a um tribunal. Quanto a ele, no momento, não vai negociar cara a cara com Zelaya.

As posições de Micheletti apontaram a total falta de progresso de ambos os lados para pôr fim à crise política de Honduras, desde que Zelaya retornou secretamente ao país, há cinco dias, exigindo reintegração ao cargo da presidência.
Perguntado sob quais circunstâncias Zelaya poderia deixar a Embaixada do Brasil, Micheletti disse que isso vai acontecer "seja por meio de asilo político ou por obediência aos tribunais".

Micheletti tem insistido que, se Zelaya ficar no país, vai responder às acusações de traição e abuso de autoridade por ter ignorado a ordem da Justiça e organizado um referendo a fim de reescrever a Constituição --atitude que culminou no golpe hondurenho.

Histórico

Zelaya voltou a Honduras quase três meses depois de ser expulso. Nas primeiras horas do dia 28 de junho, dia em que pretendia realizar uma consulta popular sobre mudanças constitucionais que havia sido considerada ilegal pela Justiça, ele foi detido por militares, com apoio da Suprema Corte e do Congresso, sob a alegação de que visava a infringir a Constituição ao tentar passar por cima da cláusula pétrea que impede reeleições no país.

O presidente deposto, cujo mandato termina no início do próximo ano, nega que pretendesse continuar no poder e se apoia na rejeição internacional ao que é amplamente considerado um golpe de Estado --e no auxílio financeiro, político e logístico do presidente venezuelano, Hugo Chávez-- para desafiar a autoridade do presidente interino e retomar o poder.

Isolado internacionalmente, o presidente interino resiste à pressão externa para que Zelaya seja restituído e governa um país aparentemente dividido em relação à destituição, mas com uma elite política e militar --além da cúpula da Igreja Católica-- unida em torno da interpretação de que houve uma sucessão legítima de poder e de que a Presidência será passada de Micheletti apenas ao presidente eleito em novembro. As eleições estavam marcadas antes da deposição, e nem o presidente interino nem o deposto são candidatos.

Mas o retorno de Zelaya aumentou a pressão internacional sobre o governo interino, alimentou uma onda de protestos que desafiaram um toque de recolher nacional e fez da crise hondurenha um dos temas da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), reunida em Nova York esta semana. A ONU suspendeu um acordo de cooperação com o tribunal eleitoral hondurenho e a OEA planeja a viagem de uma delegação diplomática a Honduras para tentar negociar uma saída para o impasse.

Pelo menos duas pessoas morreram em manifestações de simpatizantes de Zelaya reprimidas pelas forças de segurança durante um toque de recolher. Na quinta-feira, houve novas marchas em favor do presidente deposto, mas também manifestações favoráveis ao governo interino.

Com Associated Press

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